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sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Está tudo errado debaixo do Sol.

A maioria das pessoas toma partido de um dos lados do conflito israelo-árabe por puro sectarismo, quer seja ideológico, quer seja religioso, ou pura e simplesmente porque a posição de A ou de B agrada-lhes mais. Todavia as coisas não são assim tão fáceis de definir, nada é tão linear como o nascimento e a morte, a vida é feita de nuances, e por trás das aparências há a natureza dos factos, aquilo a que chamamos verdade ou mentira, honestidade ou engano, temos portanto, de estar bem informados e ser sobretudo desconfiados (perante os discursos odiosos de quem quer que seja), devemos também ser críticos connosco próprios, só assim podemos ter claramente uma posição, caso contrário, seremos mero gado, seremos manipulados e usados por interesses que nem conhecemos, e as nossas opiniões, serão fruto da manipulação dos média, e pior ainda das redes sociais, não serão nossas opiniões e nem livres, senão na aparência.

É por este motivo que considero perigosas as posições de uma parte da Esquerda perante o que se passa no conflito Israelo-árabe, porque são formadas por questões ideológicas, baseadas na aparência dos factos, e porque em verdade, este conflito ultrapassa a lógica ocidental, liberal e agnóstica. Porque a esquerda está muito aquém da verdade dos factos, tudo o que pensa, expressa e prega sobre os judeus e muçulmanos parte de uma premissa e uma atitude de menosprezo e presunção de superioridade moral e intelectual que de facto não têm.

Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, é licenciado em Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, com Pós-graduação em Políticas Públicas e Desigualdades Sociais, frequentou o Mestrado de Sociologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Estagiou com reinserção social de ex-reclusos e o apoio a famílias em vulnerabilidade social. É Bloguer desde 2007, tem publicados oito livros de temas muito diversos, desde a Poesia até à Política.

quarta-feira, 30 de março de 2022

Os Três Regimes


O Fascismo era mau, o comunismo, idem, o Neoliberalismo não fica atrás. Os primeiros eram o lobo, os segundos, um lobo com pele de cordeiro, e por fim, os terceiros, são uma ovelha negra.

Eu creio que só nos valerá uma verdadeira Democracia Humanista que permita a Justiça Social e que restabeleça um novo Welfare State.

Autor do blog: Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, é licenciado em Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, com Pós-graduação em Políticas Públicas e Desigualdades Sociais, frequentou o Mestrado de Sociologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Estagiou com reinserção social de ex-reclusos e o apoio a famílias em vulnerabilidade social. É Bloguer desde 2007, tem publicados oito livros de temas muito diversos, desde a Poesia até à Política.

segunda-feira, 26 de abril de 2021

A "Desobediência Civil" Versus a "Ordem"

Nas redes sociais, circula uma citação de incentivo à "Desobediência Civil" como sendo uma frase do ex-presidente de Portugal, o  General Ramalho Eanes, à primeira vista parece-me uma citação interessante, apesar de eu não concordar com o teor e até mesmo a ideia em si, até porque na verdade a frase é verdadeira mas a atribuição da autoria em causa é falsa, vejam abaixo:

"A desobediência civil não é o nosso problema. O nosso problema é a obediência civil. O nosso problema é que pessoas por todo o mundo têm obedecido às ordens de líderes e milhões têm morrido por causa dessa obediência. O nosso problema é que as pessoas são obedientes por todo o mundo face à pobreza, fome, estupidez, guerra e crueldade. O nosso problema é que as pessoas são obedientes enquanto as cadeias se enchem de pequenos ladrões e os grandes ladrões governam o país. É esse o nosso problema".

Ou seja, a citação acima é da autoria do historiador estadunidense Howard Zinn, que foi proferida numa conferência realizada em 1970 na Johns Hopskins University de Baltimore nos EUA, mas além disso, não creio verdadeiramente que Ramalho Eanes defenda essa ideia, pois se ele defendesse a desobediência civil, teria apoiado a intentona comunista do 25 de novembro de 1975. Por outras palavras, esta publicação, que circula no Facebook, revela-nos que as "Redes Sociais" são uma fonte de desinformação, contrainformação, e um perígo ideológico para pessoas pouco esclarecidas. 

Resta-me ainda dizer que oponho-me à ideia da "Desobediência Civil", salvo em situações graves como por exemplo, a de usurpação do poder. Defender a desobediência civil, sem um contexto que seja pertinente, é o mesmo que defender o fim da Constituição e da Ordem Pública. Ora, à primeira vista, só quem é e quem defende a substituição da Ordem Constitucional pela Anarquia, é que pode defender a desobediência civil em situação de normalidade. Portanto a Desobediência Civil é um ato de subversão claramente antidemocrático.

A Desobediência Civil é um dos instrumentos subversivos utilizados para a deterioração da ordem e para criar o caos que por sua vez, permite o surgimento das condições para o Golpe de Estado e a Revolução, foi o que se passou na Rússia com a revolução de 1917.

A desobediência civil é também um dos principais pilares da ideologia Anarquista, embora hajam muitos grupos e movimentos, totalmente diferentes entre si, que se intitulam anarquistas, mas a grosso modo colocam-se contra o sistema, a hierarquia estabelecida tanto do poder politico, como do poder económico e da organização social.

De acordo com o exposto acima, e relacionando ao ideal dos Anarquistas clássicos, que defendem um sistema politico baseado numa democracia direta, na auto-gestão das comunidades pequenas, e na co-gestão da economia comunitária, o que indica que em grande escala, é impossível um país inteiro estar organizado desta forma, ou até apenas uma região de um país, isto porque o ideal anarquista pretende a total supressão do Estado, da sua organização política, económica (com o fim do capitalismo e do liberalismo) mas também o fim do sistema jurídico, o que torna inviável a coesão social de toda uma nação, pois até mesmo a hierarquia militar desapareceria e com ela o sistema organizado de defesa.

Têm surgido por todo o mundo, algumas comunidades que se dizem anarquistas, e que têm uma organização baseada na Cogestão económica, e na gestão partilhada de famílias, que a meu ver, muito se assemelha à organização das comunidades indígenas, que foram amplamente estudadas pela antropologia brasileira dos irmãos Villas Boas, comunidades que todavia, apresentam a existência de uma hierarquia, através do chefe o cacique e do pajé, e que se organizam em algo que semanticamente muito se próxima ao termo de "comunismo naturalista", ou comunismo primitivo.

O conceito de "Anarquia", em regra geral, e de acordo com a etimologia da palavra, é a Não-Hierarquia, ou seja, é uma filosofia que nasce em primeiro lugar por Pierre Proudhom, e mais tarde foi reformulada pela Extrema-esquerda, pela mão de Mikail Bakunine, e que idealiza uma sociedade sem Estado, sem propriedade privada e sem nenhum tipo de organização hierárquica, social, económica, politica, cultural ou religiosa. A questão é: será possível uma sociedade assim, ou é uma Utopia?

Em teoria, a ideia apresenta uma grande resposta ao combate das desigualdades sociais, promove a justiça social, a solidariedade, e novas formas de cultura através da intervenção direta na gestão, da participação ativa e democrática, pois todos os membros da comunidade são responsáveis de igual modo pelas decisões a serem votadas. 

O outro lado da moeda, no meu entender, é que os ideólogos do Anarquismo Clássico, esquecem-se de dois aspetos importantes, primeiro se há a plena liberdade dos cidadãos em decidir sobre a sua vida e a vida da comunidade, os mesmos podem pôr em causa o sistema anarquista, aceitando menos liberdade em troca de mais segurança, que é o que se vê nos sistemas hierarquizados dos Estados Nacionais, segurança pública, proteção social, educação, etc. Mas além disso, esquecem-se dos aspetos relativos à natureza da personalidade humana, particularmente os negativos, como as sociopatias, entre outros distúrbios desviantes do comportamento social que necessitam de ser vigiados e controlados, ou ainda os casos de práticas criminosas, às quais devem ser aplicadas sanções aos infratores, aqui está o busílis da questão, a aplicação da justiça requer sempre uma ordem hierárquica, se não for por via da autoridade, será por via da experiência ou da idade, ou da competência de conhecimentos técnicos e jurídicos, logo, passa a existir uma hierarquia. E se há alguma forma ainda que rudimentar de hierarquia e ordem para manter o equilíbrio da comunidade, então, não estamos mais perante uma anarquia, mas sim um comunismo primário.

Outro fator importante é a diferença entre a Ordem e o Caos, digo isto porque, ainda que seja possível existir, uma comunidade anarquista, tal não será possível para toda uma cidade, como Braga, Porto, Lisboa, Campinas, Madrid ou São  Paulo, ou ainda qualquer uma que tenha acima de 100 mil habitantes por exemplo, e porque? Porque nesse caso a Democracia Direta e participativa que é um imperativo do sistema anarquista é inviável, em grandes cidades a democracia requer ser aplicada de forma representativa, ou seja, pela eleição de representantes (deputados) a uma Assembleia Legislativa (o Parlamento).

De outro modo, o que o ideal anarquista propõe é um bem-estar social, que só pode ser usufruído em comunidades muito pequenas, onde todos se conheçam, que estejam imbuídos pelo mesmo ideal e que lutem pelas mesmas causas, logo, não estamos perante uma sociedade pluralista mas igualitária, pelo menos no pensamento e nos ideais dos seus membros.

Vou dar um breve exemplo, para explicar melhor o conceito da Hierarquia dos Estados e dos Sistemas a ele associados: Observemos então que, da mesma maneira que a natureza é regida sob leis da física e da química, bem como a ordem que se sobrepõe sobre os astros, o sistema solar entre outros fenómenos astrais e naturais, assim é a sociedade, também obedece a uma ordem, é aliás a partir dessa observação que surgiu a SOCIOLOGIA, o estudo empírico da Organização Humana em Sociedade, que respeita a "leis" que determinam que um dado fenómeno repete-se no tempo e no espaço desde que se repitam as mesmas circunstâncias que causam o fenómeno. De igual modo, a ANTROPOLOGIA, estuda a relação do homem no seu habitat, e a produção de cultura a partir desse mesmo habitat; temos ainda a PSICOLOGIA que estuda os fenómenos psíquicos do ser-humano que se repetem em iguais circunstâncias e assim por diante, com outras diferentes ciências como a ECONOMIA, ou a HISTÓRIA, entre outras, o que indica que os fenómenos em sociedade obedecem a leis de cariz social, económico, psíquico, etc, e que os fenómenos naturais obedecem a leis de ordem física, química e biológica.

No entanto, tal não ocorre com a ideologia ANARQUISTA, que não se baseia em ciência, sendo uma mera IDEOLOGIA POLÍTICA baseada no pensamento  Filosófico dos seus fundadores, aliás, um dos fundadores do ideal Anarquista era um Filósofo considerado um Socialista Utópico, portanto a construção de uma sociedade inteiramente organizada de forma anarquista é uma Utopia, algo que se revela inviável dada a dimensão da população de grandes cidades e sobretudo das províncias ou países, ou seja, o que teríamos seria não a Ordem, mas o Caos, devido a que as relações humanas, que estão inseridas numa complexidade de fatores, tais como os económicos, políticos, sociais e até jurídicos que, por sua vez, requerem um poder organizado para poderem funcionar adequadamente e assim, promover eficazmente o bem-estar social, a segurança publica, a rede dos transportes públicos, o apoio na saúde, no desemprego e na velhice, e ainda, em situações de calamidades, pandemias, entre outras.

Portanto, todos os sistemas, sejam de ordem social ou natural, requerem a obediência a regras ou leis, mas no caso dos sistemas sociais, não será uma obediência cega e meramente servil a um poder autoritário, mas uma obediência por adesão, baseada na cidadania ativa, que defenda os valores e os princípios da ordem democrática, da defesa do pluralismo político e das liberdades fundamentais de convicção e crença, promovendo a ordem Constitucional e o fortalecimento dos órgãos de soberania em defesa dos interesses de todo o "Povo" que é em primeira instância o próprio Estado.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

XI - O que são a Ideologia e a Doutrina?


Muito frequentemente há quem entenda doutrina e ideologia como sinónimos; claro está que ambos os termos assemelham-se, sendo de frisar, que a Ideologia está no campo da filosofia, ou seja, na formação e construção das ideias e dos
ideais, tanto no campo da política como da religião e inclusive no Direito em particular na elaboração e aprovação das Leis.
Por ideologia, comummente entende-se um conjunto de ideais e princípios que são, em via de regra, estruturados de forma normativa ou programática por organismos, como os partidos políticos, os movimentos e associações cívicas, que por sua vez, são em diferentes instâncias, Grupos de pressão, e visam atingir fins específicos, na busca de concretizar seus interesses, lutar pelos seus direitos, ou apenas promover melhorias sociais significativas, podendo ser de índole comunitária, nacional, étnica, religiosa, social ou ambiental; assim sendo, ideologia corresponde a um ideal cujos objetivos podem cingir-se a um setor ou classe social, ou ser abrangentes a toda a sociedade.
A luta pela conquista do poder, bem como o seu exercício e a manutenção do respetivo poder político, mostram-nos que uma ideologia política é aquela que defende um conjunto de ideias relativas à natureza do funcionamento político do Estado, defendendo um conjunto de valores que pretende ver aplicados quando instalados no poder; por exemplo, um partido republicano no Reino Unido é formado por um conjunto de cidadãos que têm como ideal de sistema de Estado, a república e não a monarquia; o mesmo pode-se dizer de um partido comunista num qualquer país capitalista, que é assim, formado por um conjunto de militantes, cuja ideologia é a defesa de uma sociedade de economia planificada e estatizada, e assim sucessivamente.
As ideologias políticas dividem-se, de acordo com os grupos sociais que estão na sua génese, por exemplo: classes sociais, tal como ocorre no Brasil com o Movimento dos Sem Terra (MST), ou ainda os movimentos dos aposentados e pensionistas que existem por toda a Europa. Os partidos ou movimentos sociais e políticos dividem-se regra geral, entre Esquerda e Direita e normalmente defendem interesses opostos, (ou semelhantes, todavia apoiados por grupos adversários), sendo que pelo senso comum entende-se que os partidos da esquerda estão mais conotados com questões sociais e os de direita, com questões económicas e a defesa do direito da propriedade privada, não obstante, esta visão é um estereótipo, limitando o entendimento do que realmente pode ser a linha divisória entre estes dois campos opostos.
Como se formam as Ideologias?
Ao contrário do que parece, o termo ideologia é recente, surgiu em França no ano de 1801 num livro intitulado de ‘Elements d’Ideologie’ de autoria do francês Destutt de Tracy, segundo Chauí (1980), o autor pretendia elaborar uma ciência cujo objetivo seria estudar a génese das ideias, claro que a base de toda a ideologia é o campo da filosofia, pela ética, pela moral pela lógica, entre outros campos da filosofia política.
Posto isto, resta perguntar: como surgem e como se formam as ideologias políticas? Esta questão pode ser compreendida pela explicação seguinte:
- As ideologias surgem no campo da filosofia na medida em que tentam encontrar uma resposta a um problema social ou político, nesse sentido, estão no âmbito dos Conceitos ou da apreensão da realidade e da formação das ideias ou teorias políticas de acordo com os objetivos específicos.
- Seguem-se as ideias utilizadas para a concretização dos objetivos ou projetos, ou propriamente dito a resolução dos problemas apresentados, portanto, é o campo Programático.
- Por fim, o ideal é adotado como um modelo objetivo a atingir ou manter, ou seja, torna-se efetivamente uma ideologia e por conseguinte, uma causa.
O termo “ideologia” segundo o “Dicionário de Política” em Bobbio (1988), é utilizado em diferentes áreas ou campos das ciências sociais e humanas, como a filosofia, a sociologia e a ciência política, por vezes com significados diferentes, mesmo no uso corrente da linguagem vernácula por parte do cidadão comum, pode fazer com que a definição deste termo levantar alguma confusão.
No “Dicionário de Filosofia” em Mora (1978), afirma que se trata de uma disciplina da filosofia, a qual se ocupava da análise das ideias, das sensações, e mesmo dentro da filosofia política o conceito de ideologia varia de acordo com a corrente de pensamento, assim temos em Marx um significado diferente do que o teríamos em qualquer outro filósofo anterior ao Marxismo ou que se oponha a ele no que concerne às suas propostas políticas ou a sua análise sociológica.
Quanto ao Conceito de Doutrina
O significado do termo doutrina é Ensino, ou ainda, a propagação e transmissão das ideias e das ideologias, de modo sistemático, tanto no campo da política como da religião.
Por outras palavras a Doutrina é a difusão dos princípios e dos valores que dão forma institucional à ideologia. Por exemplo, na religião a transmissão da respetiva ideologia, a que chamamos de teologia, é feita pelo ensino, ou mais precisamente, pela Catequese.
A propagação das ideologias político-partidárias, são feitas pela difusão dos seus princípios, por meio de imprensa ou órgãos oficiais, pela divulgação da propaganda eleitoral e pelos comícios entre outros meios, que contribuem para manter viva a doutrina no corpo doutrinado, ou seja, nos seguidores.
Assim, doutrinar é mais que induzir alguém a apoiar a ideologia, é fazer com que acredite nela e identifique-se com esses ideais; para tal a doutrina dá à ideologia um corpo de princípios e valores, e normas internas, consolidando-se no conteúdo programático de um partido, na prática da vida religiosa, na atividade de uma associação ou de um sindicato.
No Direito o termo Doutrina, embora esteja ainda no campo teórico, não deixa de ser a interpretação do ideal a que chamamos Lei e da sua aplicação pela Justiça. A Doutrina do Direito é, portanto, entendida como Jurisprudência.
Se por um lado a Lei declara pelo Direito Civil, a liberdade de expressão, pensamento e associação a todos os cidadãos, por outro a doutrina vai mostrar como se coloca em prática esse direito, ou seja, que mecanismos devem ser utilizados para que tal seja posto em prática o referido ideal.
Transferindo isto para a política, podemos aferir que, se por um lado um ideal, tal como foi a República em tempos de monarquia, da monarquia constitucional em tempos de absolutismo, da democracia em tempos de ditadura, da paz em tempos de guerra, ou ainda o fim da escravatura, a igualdade de géneros, bem como a justiça social pelo Estado Providência entre outros ideais, revelam-nos, que foram inicialmente ideias, que se desenvolveram em ideologias, mas foi pela doutrina que chegaram a se transformar em programas políticos e poderem por fim concretizar-se.
Foi a doutrina que viabilizou os Direitos Humanos, as Liberdades fundamentais e o progresso social e humano, apesar disso, houve ideologias políticas que foram colocadas pelos governantes acima do bem comum, e viraram-se contra os governados e contra si mesmas, e obviamente falharam.
Autor: Filipe de Freitas Leal

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Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

domingo, 17 de dezembro de 2017

XIV - Quais as Principais Correntes Ideológicas?

As principais correntes ideológicas da atualidade não centram a sua atividade apenas na luta pela conquista do poder, mas procuram, primeiramente ou em simultâneo, influenciar na transformação social na defesa dos seus interesses.
No entanto, essa influência varia de acordo com o matiz ideológico presente na base de apoio, base essa que se encontra no interior do aparelho de cada partido, movimento ou sindicato, e independe da ideologia política, ou seja, deriva do pensamento filosófico-político ou de uma qualquer linha de pensamento político, económico, religioso, que esteja na génese das suas intenções políticas O modelo da práxis política na persecução dos seus objetivos é fundamentalmente o mesmo.
Posto isto, resta-nos concluir que há aqui uma vez mais a presença da dicotomia da Esquerda versus Direita, e essa fronteira é por vezes de difícil perceção, porque nada é estanque, já que se trata de um fenómeno que, além de ser político, é fundamentalmente social.
A grande maioria dos fundadores dos grandes movimentos eram líderes carismáticos, pessoas cultas com formação universitária, na sua maioria e em geral vindos da classe média, tinham um forte sentido de Estado e sentiam-se imbuídos de uma missão. Foi assim com Karl Marx, nascido numa família abastada, viveu apenas para os seus ideais e dedicando-se aos seus estudos sociológicos e ao sindicalismo socialista; foi assim também com Che Guevara, nascido na Argentina, formado em medicina, decidiu lutar pelos povos oprimidos da América, depois de ter vencido em Cuba, abandonou tudo para lutar e morrer assassinado na Bolívia. Mahatma Gandhi nasceu na Índia, estudou Direito em Londres e trabalhou como advogado na África do Sul, mas decidiu voltar à Índia e viver na máxima simplicidade para lutar pela independência da India, utilizando o método da Não-violência Ativa”;Luther King, Pastor evangélico, humanista e pacifista, defensor da NVA, foi um ativista negro na luta contra a discriminação racial nos EUA, morreu assassinado; outros tomaram caminhos radicais, quer pela loucura, quer pelo fanatismo, como foi o caso de Mussolini, Hitler, Sadam ou Khadafi, tendo cada um destes três Estadistas feito história pelo desfecho trágico dos seus governos e das suas vidas.
As principais correntes da atualidade surgiram na sua maioria no fim do século XIX e início do século XX. Somente as correntes mais periféricas no plano de influência política é que surgiram no século XX, como o ideal ecologista, o nazi-fascismo ou os fundamentalismos religiosos.
Das principais correntes ideológicas da atualidade, a maioria surgiu na Europa e nos Estados Unidos, sobretudo por serem o berço das principais correntes filosóficas, económicas e sociológicas, onde se viveu momentos históricos que influenciaram profundamente o surgimento de correntes ideológicas, como a Revolução Industrial em Inglaterra e o consequente surgimento do movimento socialista.
Há, todavia, diferenças profundas que convém salientar, como a diferença do comunismo na Rússia e na China, o primeiro foi baseado no operariado e na indústria, o segundo no campesinato liderado por Mao Tsé-Tung, acabando por fazer uma revolução dentro da revolução, denominada de Revolução Cultural.
O surgimento de uma corrente política é algo que emana da natureza da dinâmica social, conjugada com fenómenos económicos e de circunstâncias históricas que fazem que determinados grupos tenham de defender suas ideias por se sentirem em desvantagem social com os grupos que dominam o sistema socio-político-económico. Foi assim que determinadas circunstâncias permitiram e até empurraram a Alemanha do início do século XX para o regime nazi-fascista; isso nunca teria acontecido se não fossem tão humilhantes as condições impostas pelo Tratado de Versailles aos alemães vencidos no fim da I Guerra Mundial.
O mesmo pode-se dizer com relação ao surgimento da ideologia ambientalista, que é fruto da degradação ambiental por parte da produção industrial massiva e poluente, em prol de um capitalismo feroz e de uma sociedade excessivamente consumista, cujos danos são irreversíveis.
As razões que motivam o surgimento de uma corrente política não se limitam na conquista do poder e da sua manutenção, mas partem de pressupostos ideológicos de grupos específicos, quer seja pelas suas ideias, quer seja pela defesa das suas crenças, da origem étnica, classe social, ou meros interesses corporativos e económicos, ou ainda, de outra ordem, pretendem influenciar o poder para garantir mudanças, obter visibilidade e tornar-se um forte grupo de pressão para obter concessões e promover a mudança social. Foi o que aconteceu com os principais partidos sociais-democratas e socialistas na oposição, ou mesmo dos ecologistas e defensores dos direitos humanos, entre outros grupos, tais como os separatistas, que aqui e ali vão conseguindo maior autonomia para o seu país, seja na Catalunha, seja na Escócia, no Curdistão, entre outros.
À semelhança de capítulos anteriores, onde foram abordados os partidos políticos da esquerda à direita, agora faz-se imperativo fazê-lo aqui do mesmo modo, com o intuito de mostrar cada corrente ideológica pela sua posição e espectro político, pelo que abordaremos cada uma, dando uma pequena explicação das ideologias abaixo sublinhadas:
As principais correntes da atualidade.
Berlinguer precursor do Neocomunismo
Neocomunismo – Após a invasão soviética à antiga Checoslováquia, uma grande parte dos comunistas da Europa ocidental criticaram o stalinismo, mais tarde, após a invasão soviética ao Afeganistão fez-se uma cisão e criaram um novo comunismo, que se denominou de Eurocomunismo, pelo carisma do então líder comunista italiano do PCI, Enrico Berlinguer, que em 1980 rompeu com o Regime soviético e o stalinismo, foi seguido por outros líderes comunistas como Georges Marchais do PCF de França. Poucos partidos comunistas no ocidente mantêm-se fiéis à ortodoxia estalinista; um deles foi Álvaro Cunhal do PCP - Partido Comunista Português.
Posteriormente ao Eurocomunismo, e após a queda do Muro de Berlim, surgiu uma revisão em quase todos os partidos comunistas, a maior parte deles inclusive mudara de nome como o PCB do Brasil e o PCI de Itália, que passam respetivamente a ser o PPS - Partido Popular Socialista, liderado na altura por Roberto Freire, e o PDS - Partido Democrático dela Sinistra, o que gerou uma onda pela refundação comunista, mas que não surtiu efeito. O reformismo seguia em frente conquistando adeptos, e aqueles que, no entanto, não mudaram o nome, passaram claramente a atualizar a sua forma de atuação política e a adaptar o seu conteúdo ideológico e programático para uma nova realidade.
Os partidos comunistas que se mantiveram no poder como na China, Cuba e Vietname adaptaram-se à economia de mercado, aliás, a transformação da sociedade comunista chinesa, numa economia de mercado, deu-se sob a orientação de Deng Xiao Ping, que foi o grande timoneiro depois da morte de Mao Tsé-Tung em 1976; levou a China a reformas estruturais até envergar bem alto o sloganUm País, Um regime, Dois sistemas”; em 2016 veio assumir que a transição havia acabado e adota a economia de mercado, com a qual quer concorrer com o resto do mundo em condições de plena igualdade. Só a Coreia do Norte se mantém inalterada no seu conteúdo ideológico, contudo trata-se de um comunismo sui generis.
Neomarxismo – O marxismo, além de uma corrente política, é fruto de uma análise sociológica, que estuda a estrutura e a evolução das sociedades baseada na divisão das classes. O Neomarxismo é uma nova forma de ver o mesmo prisma sociológico e também político de forma atualizada à nova realidade global. Os políticos neomarxistas apoiam-se na análise da estrutura social atual que perpetua a divisão de classes; em outras palavras, trata-se da adaptação do marxismo para os novos tempos, ressurgindo como uma reação ao ruir dos ideais e pressupostos do socialismo marxista, sobretudo a ideia negativa que a experiência soviética revelou.
Feminismo – O Feminismo é uma corrente de luta pela emancipação das mulheres, que teve um grande impacto no século XIX, sobretudo no Reino Unido e nos Estados Unidos com o movimento das sufragistas, que lutavam pelo direito de voto, então vedado às mulheres. Paulatinamente, conquista após conquista, a luta pela igualdade de géneros faz-se necessária, já que atualmente a condição feminina varia de continente para continente. No ocidente há ainda muito da cultura vinda do patriarcado que precisa ser derrubada, nomeadamente a diferença salarial entre homens e mulheres para uma mesma atividade profissional, e a baixa percentagem das mulheres no topo da direção das empresas, sem falar na pequena percentagem das mulheres nos Parlamentos.
O feminismo assemelha-se a uma causa, mais que uma corrente política, até porque está presente no seio das diversas correntes. Faz-se necessário que assim seja, para que a luta pelos direitos não fique presa a uma corrente política, isso seria relegar o feminismo à luta pelo poder, e não é esse o objetivo, mas antes abraçar uma causa e combater a discriminação e a violência de género, de forma transversal a toda a sociedade.
Humanismo – O Novo Humanismo é um movimento surgido em 1967 na Argentina, fundado por Mário Rodriguez Cobos, o Silo, ou El negro, como o chamavam os seus correligionários. No cerne da ideologia humanista está a luta pela centralidade da pessoa humana em todas as áreas da atividade social, política e económica; isto quer dizer que, ao contrário do socialismo, que preconiza a primazia da sociedade sobre o individuo, ou do capitalismo, que preconiza a primazia do capital e dos bens de produção, o humanismo dá a primazia à pessoa humana. É, portanto, para a Pessoa Humana que se fazem os instrumentos sociais, políticos e económicos ao dispor das necessidades sentidas por todos. O contrário deste princípio reflete uma forma de escravização, fazendo com que as pessoas é que existam para dar sentido ao Capital, ou então que existem em função da sociedade. Em outras palavras, uma inversão de valores que não permite a dignidade humana em toda a sua plenitude.
O Movimento Humanista divide-se em várias organizações, entre elas o PH - Partido Humanista, que está presente em vários países do mundo, envergando a bandeira cor de laranja e tendo como logotipo a fita de Mobios ou o símbolo do infinito.
Socialismo Democrático – Corrente político-ideológica comummente designada por Social-democracia, que corresponde ao socialismo de cariz democrático, revisionista e republicano (à exceção dos trabalhistas britânicos, que aceitam a monarquia). O socialismo democrático pretende ascender ao poder pela via democrática, ao contrário dos comunistas. Os partidos socialistas, sociais-democratas e trabalhistas de vários países estão presentes na IS - Internacional Socialista, inclui ainda outros partidos com diferentes designações, defendendo o mesmo ideal. Portugal é representado pelo PS, o Brasil pelo PDT e Angola pelo MPLA.
Ao contrário dos comunistas, que defendiam a estatização da economia, e dos liberais que defendem a total privatização, os socialistas, sociais-democratas e trabalhistas defendem que determinados serviços devem permanecer na esfera estatal, seja com exclusividade, tais como a distribuição de água, eletricidade, gás, correios, entre outros, seja sem exclusividade, como os transportes públicos.
Ambientalismo – Corrente de esquerda denominada de Esquerda Alternativa, movimento Verde ou Nova Esquerda, que está presente em variadíssimos países, envolvendo um extenso leque heterogéneo de organizações ou iniciativas autónomas da sociedade civil. Abrangem diversos níveis de amplitude, tais como as que no campo político disputam eleições e se designam de Partidos Verdes. Tratam-se de um movimento ecológico de cariz anticapitalista, que preconiza uma filosofia de vida e um ideal político e económico baseados na sustentabilidade e no combate ao consumismo feroz. Segundo os ecologistas, esse comportamento está destinado a levar o planeta à sua autodestruição, pelo que intervêm propondo novos modelos de desenvolvimento sustentável.
Os movimentos ecológicos surgiram praticamente depois da II Guerra Mundial, mas historicamente, as teorias de Darwin contribuíram enormemente para que a humanidade percebesse que a evolução das espécies é resultado de os seres se adaptarem ao meio, e que, se o meio ambiente está a ser destruído, resta-nos perguntar que tipo de Ser Humano estará apto para viver num ambiente catastrófico e altamente poluído, ou melhor, será que sobreviveria?
Uma das grandes preocupações é, promover a ideia de que só com o recurso às energias renováveis será possível retardar a hecatombe ambiental. Hoje em dia cada vez mais se vê o enorme investimento que os governos estão a fazer para a obtenção de energia solar, eólica, entre outras.
Temas como a extinção das espécies animais, o degelo das calotas polares, os enormes desastres ambientais, entre outros, que têm sido largamente difundidos, permitem aos cidadãos associar esses fenómenos com a ação humana na biosfera, de forma a tomar partido e a adotar uma nova cultura ecológica.

Neoliberalismo – Corrente de pensamento político, que baseado nos ideais liberais, pretende o total afastamento do Estado nos assuntos económicos, ou por outras palavras defende a ideia de que quanto menor for a interferência do Estado nos assuntos económicos de um País, tanto maior será o grau de desenvolvimento económico e social.
Esta ideologia político-económica, pretende a total descentralização dos serviços, desde correios, bancos, transportes públicos, companhias de distribuição de água, energia e gás, serviços hospitalares entre outros, que passam para as mãos do setor privado, ou segundo setor, aliviando a pesada carga orçamental do Estado.  O principal argumento é que, ao buscar lucro o empresário ofereceria ao cliente final melhores serviços públicos que o próprio Estado.
O ideal neoliberal foi largamente adotado pelos governos de Margaret Thatcher no Reino Unido e por Ronald Reagan nos Estados Unidos da América, baseado nas teorias economicistas neoliberais dos economistas Friedemann e Hayeck. Esse pensamento estendeu-se a outros países e hoje é a batuta da matriz político-económica e financeira da União Europeia.
Democracia-cristã e Conservadorismo – Quanto à Democracia Cristã, trata-se de uma corrente política presente fundamentalmente em países de grande tradição católica, tem um forte teor ideológico que mistura o conservadorismo por um lado e a promoção de maior justiça social por outro, reivindicando assim a equidistância entre a direita clássica e a esquerda. O termo teria surgido em França no fim do Século XVIII, mas a origem dos modernos partidos democratas-cristãos surgiu no fim do Século XIX, sob influência dos valores da Doutrina Social da Igreja e da Encíclica Papal, Rerum Novarum de Leão XIII. Posteriormente ressurge com força na Itália do pós-guerra, devido à crescente popularidade do comunismo na vida política italiana de então, somando-se o facto de a direita clássica ser conotada com o fascismo de Benito Mussolini.  Isso fez com que a corrente democrata-cristã se fortalecesse, sobressaindo-se Aldo Moro, como um dos grandes lideres democratas cristãos, que foi por várias vezes Primeiro-ministro. Em 1978 chocou o mundo, ao ser sequestrado e morto pelas Brigadas Vermelhas, grupo terrorista de cariz Marxista-Leninista que com esse ato exigia a libertação de presos políticos. Todavia aqui há uma lição: o Poder não negocia jamais mediante chantagens, e por isso, Moro sabia que iria morrer
Atualmente a Democracia-Cristã tem vindo a adotar nova designação, como por exemplo os democratas-cristãos de Espanha que adotaram o nome de Partido Popular (PP), algo semelhante em Portugal com o CDS/PP. Observe-se, entretanto, que existiu desde 1974 um Partido da Democracia Cristã (PDC), fundado pelo Almirante Pinheiro de Azevedo, que fora impedido de concorrer às eleições constitucionais de 1975, no período revolucionário que se viveu em Portugal. Nessa época, os partidos de direita foram conotados com o fascismo salazarista e as sedes, tanto do CDS como do PDC, foram vandalizadas em várias localidades do país. Noutros países da Europa, a Internacional Democracia-Cristã, também adotou nova designação: Internacional Democracia Centrista (IDC).
Como já referimos antes, o Centro é mais um mero discurso do que propriamente dito uma posição política, visto que os partidos ou tendem para a esquerda ou para a direita, no momento de tomar decisões políticas. Aqui o termo centrista é uma alusão à equidistância ideológica inicial da DC italiana face aos partidos marxistas como o PCI e ao nazi-fascismo.
Normalmente as posições da DC são de centro-direita no que concerne às políticas económicas, e podem ser de centro-esquerda no que concerne às políticas sociais, devido a defenderem o cunho ideológico do humanismo-cristão; hoje em dia os democratas cristãos ou populares estão cada vez mais vinculados com a direita ou centro-direita de cariz neoliberal, de modo que há no fundo uma simbiose entre estas duas correntes, sendo que o que sobressai é o conservadorismo.
O Conservadorismo é portanto, uma corrente política que está a reerguer-se, sobretudo depois da queda do comunismo soviético e da transformação da economia chinesa numa economia de mercado, fazendo com que a direita seja vista com outros olhos, os olhos em volta do aparente pragmatismo, que é o que os conservadores preconizam, conservando o status quo, de forma a manter o fundamental e inovar nos aspectos que se prendem com o funcionamento dos mercados.
Nacionalismo – Esta corrente é a que defende ainda com unhas e dentes, o imperativo do Estado Nação com uma forte autoridade política, tendo ressurgido após a dissolução da antiga URSS e da Jugoslávia em 1991. Muitos movimentos separatistas têm-se fortalecido neste ideal, não se tratando meramente de direita visto que há nacionalismos de esquerda como é o caso do Nacionalismo catalão, basco, galego, corso, entre outros.
O sentimento de pertencer a uma nação é tão ou mais forte do que o sentimento religioso. O exemplo vivo disso é o resultado do ódio entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte ou Ulster, não pela religião em si, mas antes pela origem étnica, os protestantes representam os ocupantes ingleses e os católicos o povo autóctone que quer a independência dentro da República da Irlanda.  Ou seja, à primeira vista parece ser uma causa religiosa, no entanto aqui a religião recebe a influência do fenómeno político, uma vez que ser católico é uma forma de posicionamento político perante a ocupação britânica.
Ao contrário temos os indianos e os paquistaneses, que têm a mesma origem étnica e nacional do Indostão, no entanto a divisão religiosa entre hindus e muçulmanos, fez com que se dividissem em dois países, tendo sido criado o Paquistão, e assim surgindo o conflito que dura até aos dias de hoje e faz-se sentir na disputa de um território, a Província da Caxemira.
Portanto o que pesa aqui é o conceito de Nação que abordaremos na parte III no capítulo 30, e veremos que há diferentes conceitos de Nação, até porque há nações sem Estado ou nações divididas em vários Estados como o Curdistão, ou ainda Estados com mais de uma nação como a Espanha e o Reino Unido.
Neonazismo e Neofascismo – Têm tido cada vez mais visibilidade mediática, nomeadamente pelo crescimento das suas fileiras, como consequência do sentimento de insegurança pela perda da identidade cultural e unidade nacional com o aumento de imigrantes e refugiados de povos africanos e asiáticos de religião muçulmana em vários países da Europa como a Bélgica, Holanda, Reino Unido e Alemanha. Paralelamente ao ressurgimento de movimentos neonazistas de cariz racista e xenófobo, tem-se sentido o aumento de ataques antissemitas em toda a Europa.
Fundamentalismo islâmico – Corrente político-religiosa que se sobrepôs ao Pan-arabismo e ao Nacionalismo árabe, visto que estes movimentos não preconizavam uma sociedade religiosa, mas sim laica, tal como Ataturk na Turquia, ou ainda o egípcio Gamal Abdel Nasser. O fundamentalismo islâmico tem estado em voga, desde a invasão do Afeganistão pela URSS em 1979 e da guerra que se desencadeou para libertar o país, com a ajuda dos Estados Unidos da América aos guerrilheiros de diferentes forças paramilitares, denominados de os “Senhores da Guerra”, o que acabou por ajudar a instalar no poder os talibans, grupo ultrarradical do islão, de cariz antiocidental; O Regime Taliban tornou o Afeganistão no país mais atrasado do mundo, onde os meios de comunicação social foram praticamente extintos, só funcionando a radiodifusão como forma a divulgar músicas religiosas e a chamada para a oração; além disso, as mulheres tornaram-se nas maiores vitimas do regime, sendo tratadas como mero objeto, e uma vez viúvas, encontravam-se na mais avassaladora situação de vulnerabilidade social, sem qualquer tipo de apoio.
No meio deste caos, surge o líder Osama Bin Laden, da corrente religiosa dos Wahabitas, a ala mais radical do islamismo sunita da Arábia Saudita. Seu objetivo era atacar a cultura ocidental em todos os países de maioria muçulmana como foram os atentados na Etiópia, Somália, Arábia Saudita, entre outros.
As Guerras do Iraque, como consequência, despoletaram o aumento crescente do sentimento antiocidental no mundo árabe, sobretudo pela falta de habilidade política do governo de George W. Bush ao classificar os países islâmicos mais radicais como o “Eixo do Mal”, criando uma dicotomia perigosa e aumentando o sentimento antimuçulmano na Europa e nos Estados Unidos da América. O resultado foi uma onda de atentados nunca antes vista, sobretudo na Europa Ocidental, atingindo a França com pesados atentados que praticamente destruíram a imagem política do Presidente François Hollande e acabaram por dar grande popularidade a Marine Le Pen, da Frente Nacional de Extrema-direita que disputou o segundo-turno nas eleições presidenciais francesas.
 As eleições Presidenciais de 2017 em França foram Sui generis, pois pela primeira vez, os Catch All Parties, não disputaram o poder, tendo saído vitorioso o candidato independente Emmanuel Macron do movimento France En Marche, que se intitula de centro, contudo, o tempo irá provar que o centro não existe, mas esse golpe de marketing venceu o fundamentalismo nacionalista de Le Pen e da Extrema-direita.
O fundamentalismo visa, portanto, a radicalização da política, de cariz antidemocrático e teocrático, pretende impor a lei da Shária em detrimento da lei civil, tal como fez no Afeganistão. O expoente máximo do radicalismo islâmico ocorreu precisamente entre o norte do Iraque e da Síria, onde foi criado o Estado Islâmico, de forma cruel sem precedentes contra as comunidades cristãs, como as igrejas siríaca, melquita, maronita e até contra outros muçulmanos da corrente xiita ou de etnia curda.
Curiosamente a Comunidade Internacional demorou para intervir, gerando como consequência o maior surto de refugiados jamais visto, só na Jordânia, há um campo com mais de um milhão de refugiados sírios, sem falar dos que morreram nos naufrágios ocorridos no Mar Mediterrâneo.
A Guerra Civil da Síria é aliás o caso mais paradigmático da variedade política entre o passado e o presente do mundo árabe, o Partido Socialista Baath de Bashar Al-Assad, que está no poder na Síria que é o espelho do que foi a grande corrente do nacionalismo árabe, aparenta ideologicamente, que tenha sido inspirado no nacional-socialismo e do pangermanismo, a ideia do pan-arabismo e a criação do partido nos mesmos moldes do nacional-socialismo alemão, pelo que foram a base de sustentação do poderio ditatorial na Síria, Iraque e Líbia. As outras correntes são os diversos movimentos guerrilheiros fundamentalistas, como o Estado Islâmico, ou ainda a Jihad Islâmica e a Irmandade Muçulmana que pretendem impedir a democratização dos países árabes, bem como destruir a democracia ocidental.
Novas Tendências Políticas – As gerações mais novas, tanto nos EUA e na Europa, que lutaram contra o Nazismo, ou ainda no Brasil do pós-Abertura, como em Portugal no pós-25 de abril, ou ainda as novas gerações espanhola e latino americana, não chegaram a viver o tempo dos caudilhos e nem o esforço da luta pela liberdade e a democratização, épocas em que se formavam líderes carismáticos, tempos em que muitos dos que lutavam por liberdade eram presos, torturados, exilados e em muitos casos também mortos.
Essa falta de contacto das novas gerações, no que toca ao custo-benefício da liberdade, somando-se ao desgaste da democracia causado por uma dicotomia gémea entre centro-esquerda e centro-direita, cujas diferenças centram-se mais no discurso do que na prática das políticas adotadas, sendo mais liberais de uns e menos de outros, ou ainda pelo desgaste da corrupção em detrimento do bem-estar social e o acúmulo da interdependência dos países aos Blocos Económicos e às regras uniformistas da OMC, levam a que surjam como seria de prever, novas tendências políticas, que não se prendem a ideais ambíguos, pelo contrário, lutam por novos paradigmas sob a luz do pragmatismo, nomeadamente numa época marcada pela globalização da cultura e a internacionalização da economia e da informação.
Dessas novas tendências, que extrapolam o campo da política, surgem das lutas pela liberdade e os direitos fundamentais das minorias, tais como as minorias étnicas, a luta contra o racismo, ou ainda os movimentos como LGBT, movimentos cívicos em defesa dos animais, associações em defesa da liberdade religiosa, entre outros.
Recentemente surgiu na Europa uma nova geração de partidos políticos, nomeadamente em Espanha, como o Podemosdefensor de uma “Nova Esquerda” e também o Ciudadanos, de centro direita, defensor de uma corrente que se confunde com o Pragmatismo e o Pós-Modernismo político, ambos são claramente uma nova geração de partidos e movimentos alternativos e contestatários das políticas adotadas pelos partidos tradicionais da alternância do poder.
Principais tipos de ideologias
Ø  Ideologias Conservadoras
o   Visam manter o Status Quo
Ø  Ideologias Reformistas ou Progressistas
o   Promovem mudanças que visam a evolução.
Ø  Ideologias Reacionárias
o   Ultraconservadores reagem às mudanças
Ø  Ideologias Progressistas ou Alternativas
o   Visam intervir no processo decisório, podendo manter-se na oposição.



domingo, 25 de outubro de 2015

Livros Didáticos - Coleção Primeiros Passos

A coleção Primeiros Passos, da Editora Brasiliense, fundada por Caio Prado, historiador brasileiro, conta já com 30 anos de existência, trata-se de um conjunto de livros didáticos e para didáticos, que abordam temas que vão da política à cultura, da psicologia à bioética, do mito à arte, com textos escritos por autores e investigadores especializados em diversas áreas do saber e da ciência.
Os livros fazem hoje parte do acervo de inúmeras bibliotecas municipais, estaduais e até universitárias, dentro e fora do Brasil, devido a uma escrita clara, objetiva, direta e sintética cujo objetivo é o de iniciar o leitor no tema que tem em mãos, motivado quer pelo interesse pessoal, quer no âmbito dos estudos.
Dos 330 títulos da coleção, apenas apresentamos alguns livros, embora nem todos estejam completos, que no entanto deixamos abaixo para o leitor aceder para consulta ou download se preferir, destacam-se os seguintes:
 O que é socialismo - Arnaldo Spinderdownload Aqui
 O que é comunismo - Arnaldo Spinder - download Aqui
 O que é política - Wolfgang Leo Maar - download Aqui
 O que é ideologia - Marilena Chauí - download Aqui
 O que é positivismo - João Ribeiro - download Aqui
 O que é pedagogia - Paulo Ghiraldelli Júnior - download Aqui
 O que é cultura - José Luiz dos Santos - download Aqui
 O que é marketing - Raimar Richars - download Aqui
 O que é etnocentrismo - Everardo P. Guimarães Rosa - download Aqui
 O que é filosofia - Caio Prado Júnior - download Aqui
 O que é bioética - Debora Diniz e Dirce Guilherme - download Aqui

Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

 
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