terça-feira, 30 de agosto de 2011

A Alegoria da Caverna - Platão

Um dos mais belos trechos de literatura filosófica de Platão, algo apaixonante que não permite permanecermos os mesmos após a leitura das obras deste filósofo e das ideias do seu mestre Sócrates, desde a minha juventude este texto juntamente com a "Apologia de Sócrates" estão presentes de forma marcante no meu modo de ver o mundo.
Imaginemos um muro bem alto separando o mundo externo e uma caverna. Na caverna existe uma fresta por onde passa um feixe de luz exterior. No interior da caverna permanecem seres humanos, que nasceram e cresceram ali.
Ficam de costas para a entrada, acorrentados, sem poder locomover-se, forçados a olhar somente a parede do fundo da caverna, onde são projetadas sombras de outros homens que, além do muro, mantêm acesa uma fogueira. Pelas paredes da caverna também ecoam os sons que vem de fora, de modo que os prisioneiros, associando-os, com certa razão, às sombras, pensam ser eles as falas das mesmas. Desse modo, os prisioneiros julgam que essas sombras sejam a realidade.
Imagine que um dos prisioneiros consiga se libertar e, aos poucos, vá se movendo e avance na direção do muro e o escale, enfrentando com dificuldade os obstáculos que encontre e saia da caverna, descobrindo não apenas que as sombras eram feitas por homens como eles, e mais além todo o mundo e a natureza.
Caso ele decida voltar à caverna para revelar aos seus antigos companheiros a situação extremamente enganosa em que se encontram, correrá, segundo Platão, sérios riscos – desde o simples ser ignorado até, caso consigam, ser agarrado e morto por eles, que o tomaram por louco e inventor de mentiras.
Cópia em mármore do busto de Platão Musei CapitoliniPlatão não buscava as verdadeiras essências na simplesmente Phýsis, como buscavam Demócrito e seus seguidores. Sob a influência de Sócrates, ele buscava a essência das coisas para além do mundo sensível. E o personagem da caverna, que acaso se liberte, como Sócrates correria o risco de ser morto por expressar seu pensamento e querer mostrar um mundo totalmente diferente. 
Transpondo para a nossa realidade, é como se você acreditasse, desde que nasceu, que o mundo é de determinado modo, e então vem alguém e diz que quase tudo aquilo é falso, é parcial, e tenta te mostrar novos conceitos, totalmente diferentes. Foi justamente por razões como essa que Sócrates foi Morto pelos cidadãos de Atenas, inspirando Platão à escrita da Alegoria da Caverna pela qual Platão nos convida a imaginar que as coisas se passassem, na existência humana, comparativamente à situação da caverna: ilusoriamente, com os homens acorrentados a falsas crenças, preconceitos, ideias enganosas e, por isso tudo, inertes em suas poucas possibilidades.
O diálogo de Sócrates e Glauco
Trata-se de um diálogo metafórico onde as falas na primeira pessoa são de Sócrates, e seus interlocutores, Glauco e Adimanto, são os irmãos mais novos de Platão. No diálogo, é dada ênfase ao processo de conhecimento, mostrando a visão de mundo do ignorante, que vive de senso comum, e do filósofo, na sua eterna busca da verdade.
Sócrates – Agora imagina a maneira como segue o estado da nossa natureza relativamente à instrução e à ignorância. Imagina homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, com uma entrada aberta à luz; esses homens estão aí desde a infância, de pernas e pescoços acorrentados, de modo que não podem mexer-se nem ver senão o que está diante deles, pois as correntes os impedem de voltar a cabeça; a luz chega-lhes de uma fogueira acesa numa colina que se ergue por detrás deles; entre o fogo e os prisioneiros passa uma estrada ascendente. Imagina que ao longo dessa estrada está construído um pequeno muro, semelhante às divisórias que os apresentadores de títeres armam diante de si e por cima das quais exibem as suas maravilhas.
Glauco – Estou vendo.
Sócrates – Imagina agora, ao longo desse pequeno muro, homens que transportam objetos de toda espécie, que os transpõem: estatuetas de homens e animais, de pedra, madeira e toda espécie de matéria; naturalmente, entre esses transportadores, uns falam e outros seguem em silêncio.
Glauco – Um quadro estranho e estranhos prisioneiros.
Sócrates – Assemelham-se a nós. E, para começar, achas que, numa tal condição, eles tenham alguma vez visto, de si mesmos e de seus companheiros, mais do que as sombras projetadas pelo fogo na parede da caverna que lhes fica defronte?
Glauco – Como, se são obrigados a ficar de cabeça imóvel durante toda a vida?
Sócrates – E com as coisas que desfilam? Não se passa o mesmo?
Glauco – Sem dúvida.
Sócrates – Portanto, se pudessem se comunicar uns com os outros, não achas que tomariam por objetos reais as sombras que veriam?
Glauco – É bem possível.
Sócrates – E se a parede do fundo da prisão provocasse eco sempre que um dos transportadores falasse, não julgariam ouvir a sombra que passasse diante deles?
Glauco – Sim, por Zeus!
Sócrates – Dessa forma, tais homens não atribuirão realidade senão às sombras dos objetos fabricados?
Glauco – Assim terá de ser.
Sócrates – Considera agora o que lhes acontecerá, naturalmente, se forem libertados das suas cadeias e curados da sua ignorância. Que se liberte um desses prisioneiros, que seja ele obrigado a endireitar-se imediatamente, a voltar o pescoço, a caminhar, a erguer os olhos para a luz: ao fazer todos estes movimentos sofrerá, e o deslumbramento impedi-lo-á de distinguir os objetos de que antes via as sombras. Que achas que responderá se alguém lhe vier dizer que não viu até então senão fantasmas, mas que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, vê com mais justeza? Se, enfim, mostrando-lhe cada uma das coisas que passam, o obrigar, à força de perguntas, a dizer o que é? Não achas que ficará embaraçado e que as sombras que via outrora lhe parecerão mais verdadeiras do que os objetos que lhe mostram agora?
Glauco – Muito mais verdadeiras.
Sócrates – E se o forçarem a fixar a luz, os seus olhos não ficarão magoados? Não desviará ele a vista para voltar às coisas que pode fitar e não acreditará que estas são realmente mais distintas do que as que se lhe mostram?
Glauco – Com toda a certeza.
Sócrates – E se o arrancarem à força da sua caverna, o obrigarem a subir a encosta rude e escarpada e não o largarem antes de o terem arrastado até a luz do Sol, não sofrerá vivamente e não se queixará de tais violências? E, quando tiver chegado à luz, poderá, com os olhos ofuscados pelo seu brilho, distinguir uma só das coisas que ora denominamos verdadeiras?
Glauco – Não o conseguirá, pelo menos de início.
Sócrates – Terá, creio eu, necessidade de se habituar a ver os objetos da região superior. Começará por distinguir mais facilmente as sombras; em seguida, as imagens dos homens e dos outros objetos que se refletem nas águas; por último, os próprios objetos. Depois disso, poderá, enfrentando a claridade dos astros e da Lua, contemplar mais facilmente, durante a noite, os corpos celestes e o próprio céu do que, durante o dia, o Sol e sua luz.
Glauco – Sem dúvida.
Sócrates – Por fim, suponho eu, será o sol, e não as suas imagens refletidas nas águas ou em qualquer outra coisa, mas o próprio Sol, no seu verdadeiro lugar, que poderá ver e contemplar tal qual é.
Glauco – Necessariamente.
Sócrates – Depois disso, poderá concluir, a respeito do Sol, que é ele que faz as estações e os anos, que governa tudo no mundo visível e que, de certa maneira, é a causa de tudo o que ele via com os seus companheiros, na caverna.
Glauco – É evidente que chegará a essa conclusão.
Sócrates – Ora, lembrando-se de sua primeira morada, da sabedoria que aí se professa e daqueles que foram seus companheiros de cativeiro, não achas que se alegrará com a mudança e lamentará os que lá ficaram?
Glauco – Sim, com certeza, Sócrates.
Sócrates – E se então distribuíssem honras e louvores, se tivessem recompensas para aquele que se apercebesse, com o olhar mais vivo, da passagem das sombras, que melhor se recordasse das que costumavam chegar em primeiro ou em último lugar, ou virem juntas, e que por isso era o mais hábil em adivinhar a sua aparição, e que provocasse a inveja daqueles que, entre os prisioneiros, são venerados e poderosos? Ou então, como o herói de Homero, não preferirá mil vezes ser um simples lavrador, e sofrer tudo no mundo, a voltar às antigas ilusões e viver como vivia?
Glauco – Sou de tua opinião. Preferirá sofrer tudo a ter de viver dessa maneira.
Sócrates – Imagina ainda que esse homem volta à caverna e vai sentar-se no seu antigo lugar: Não ficará com os olhos cegos pelas trevas ao se afastar bruscamente da luz do Sol?
Glauco – Por certo que sim.
Sócrates – E se tiver de entrar de novo em competição com os prisioneiros que não se libertaram de suas correntes, para julgar essas sombras, estando ainda sua vista confusa e antes que seus olhos se tenham recomposto, pois habituar-se à escuridão exigirá um tempo bastante longo, não fará que os outros se riam à sua custa e digam que, tendo ido lá acima, voltou com a vista estragada, pelo que não vale a pena tentar subir até lá? E se alguém tentar libertar e conduzir para o alto, esse alguém não o mataria, se pudesse fazê-lo?
Glauco – Sem nenhuma dúvida.
Sócrates – Agora, meu caro Glauco, é preciso aplicar, ponto por ponto, esta imagem ao que dissemos atrás e comparar o mundo que nos cerca com a vida da prisão na caverna, e aluz do fogo que a ilumina com a força do Sol. Quanto à subida à região superior e à contemplação dos seus objetos, se a considerares como a ascensão da alma para a mansão inteligível, não te enganarás quanto à minha idéia, visto que também tu desejas conhecê-la. Só Deus sabe se ela é verdadeira. Quanto a mim, a minha opinião é esta: no mundo inteligível, a idéia do bem é a última a ser apreendida, e com dificuldade, mas não se pode apreendê-la sem concluir que ela é a causa de tudo o que de reto e belo existe em todas as coisas; no mundo visível, ela engendrou a luz; no mundo inteligível, é ela que é soberana e dispensa a verdade e a inteligência; e é preciso vê-la para se comportar com sabedoria na vida particular e na vida pública.
Glauco – Concordo com a tua opinião, até onde posso compreendê-la.
(Platão, A República, v. II p. 105 a 109)

Interpretação da alegoria

O mito da caverna é uma alegoria que relata a prisão mental e cultural em que as pessoas e até os povos vivem, antes da obtenção do conhecimento filosófico, é uma forma de explicar a condição humana perante o mundo que o cerca, em que toma consciência ou vive alienado e submergido na ignorância, Platão sugere que se saia do senso comum para o conhecimento pleno, e a alegoria da caverna mostra que a vida só pode ser verdadeiramente vivida se tomarmos plena consciência da realidade, do mundo e de nós mesmo, e que o senso comum não nos leva a lugar nenhum pelo que é uma prisão do corpo, da mente e da alma humana, e essa libertação ocorre na busca de respostas, compreensão

Segundo Platão afirma que a realidade está no domínio das ideias (em grego diánoia e noésis), mas a maioria das pessoas vive na ignorância, no mundo das coisas sensíveis (em grego eikasia e pístis) e não tendo o conhecimento não têm a vida de forma plena.

Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Poema 15 - Me Gustas Cuando Callas...

Me gustas cuando callas porque estás como ausente,
y me oyes lejos, y mi voz no te toca.
Parece que los ojos se te hubieran velado
y parece que un beso te cerrara la boca.
Como todas las cosas están llenas de mi alma
emerge de las cosas, llena de alma mía.
Mariposa de sueño, te pareces a mi alma,
y te pareces a la palabra melancolia.
Me gustas cuando callas y estás como distante.
Y estás como quejándote, mariposa en arrulo
Y me oyes desde lejos y mi voz no te alcanza:
déjame que me calle com el silencio tuyo.

Déjame que te hable también con tu silencio.
Claro como una lámpara, simple como un anillo
Eres como la noche, callada y constelada
Tu silencio és de estrella, tan lejano y sencillo.
Me gusta cuando callas porque estás como ausente.
Distante y dolorosa como se hubieras muerto.
Una palabra entonces, una sonrisa bastan.
Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto
Pablo Neruda (n. Parral, Chile 1904; m. 23 Set 1973 em Santiago)
in Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada (Publicações Dom Quixote)




Poema 15 - Gosto quando te calas...
Gosto quando te calas porque estás como ausente
e me escutas de longe; minha voz não te toca.
É como se tivessem esses teus olhos voado,
como se houvesse um beijo lacrado a tua boca.
Como as coisas estão repletas de minha alma,
repleta de minha alma, das coisas te irradias.
Borboleta de sonho, és igual à minha alma,
e te assemelhas à palavra melancolia.
Gosto quando te calas e estás como distante.
Como se te queixasses, borboleta em arrulho.
E me escutas de longe. Minha voz não te alcança.
Deixa-me que me cale com teu silêncio puro.
Deixa-me que te fale também com. teu silêncio
claro qual uma lâmpada, simples como um anel.
Tu és igual a noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão remoto e singelo.
Gosto quando te calas porque estás como ausente.
Distante e triste como se tivesses morrido.
Uma palavra então e um s6 sorriso bastam.
E estou alegre, alegre por não ter sido isso.
Pablo Neruda in 20 Poemas de Amor 


Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Estatutos do Homem - Thiago de Mello

"Mulheres Correndo na Praia" - Pablo Picasso
Artigo I 
Fica decretado que agora vale a verdade. 
agora vale a vida, e de mãos dadas, 
marcharemos todos pela vida verdadeira. 
Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana, 
inclusive as terças-feiras mais cinzentas, 
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.  
Artigo III  
Fica decretado que, a partir deste instante, 
haverá girassóis em todas as janelas, 
que os girassóis terão direito 
a abrir-se dentro da sombra; 
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro, 
abertas para o verde onde cresce a esperança.  
Artigo IV   
Fica decretado que o homem 
não precisará nunca mais duvidar do homem. 
Que o homem confiará no homem como a palmeira confia no vento, 
como o vento confia no ar, 
como o ar confia no campo azul do céu. 
        Parágrafo único:  
        O homem, confiará no homem 
        como um menino confia em outro menino.  
Artigo V  
Fica decretado que os homens estão livres do jugo da mentira. 
Nunca mais será preciso usar a couraça do silêncio 
nem a armadura de palavras. 
O homem se sentará à mesa com seu olhar limpo 
porque a verdade passará a ser servida antes da sobremesa. 

Artigo VI  
Fica estabelecida, durante dez séculos, 
a prática sonhada pelo profeta Isaías, 
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos 
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.  
Artigo VII  
Por decreto irrevogável fica estabelecido  
o reinado permanente da justiça e da claridade,  
e a alegria será uma bandeira generosa  
para sempre desfraldada na alma do povo.  
Artigo VIII   
Fica decretado que a maior dor sempre foi e será sempre 
não poder dar-se amor a quem se ama 
e saber que é a água que dá à planta o milagre da flor. 
Artigo IX   
Fica permitido que o pão de cada dia tenha no homem o sinal de seu suor.   
Mas que sobretudo tenha  sempre o quente sabor da ternura.  
Artigo X  
Fica permitido a qualquer  pessoa, qualquer hora da vida, 
uso do traje branco.  
Artigo XI   
Fica decretado, por definição, que o homem é um animal que ama  
e que por isso é belo, 
muito mais belo que a estrela da manhã. 
Artigo XII   
Decreta-se que nada será obrigado  nem proibido, tudo será permitido,  
inclusive brincar com os rinocerontes  
e caminhar pelas tardes  
com uma imensa begônia na lapela. 
        Parágrafo único:   
        Só uma coisa fica proibida: 
        amar sem amor. 
Artigo XIII   
Fica decretado que o dinheiro não poderá nunca mais comprar 
o sol das manhãs vindouras. 
Expulso do grande baú do medo, 
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal 
para defender o direito de cantar e a festa do dia que chegou.  
Artigo Final.   
Fica proibido o uso da palavra liberdade,  a qual será suprimida dos dicionários  
e do pântano enganoso das bocas. 
A partir deste instante a liberdade será algo vivo e transparente 
como um fogo ou um rio, e a sua morada será sempre  
o coração do homem.

Adaptado por Pablo Neruda.

Artículo 1
Queda decretado que ahora vale la vida,
que ahora vale la verdad, y que de manos dadas
trabajaremos todos por la vida verdadera. 

Artículo 2
Queda decretadoque todos los días de la semana,
inclusive los martesmás grises, tienen derecho a convertirse
en mañanas de domingo. 

Artículo 3
Queda decretado que, a partir de este instante,
habrá girasoles en todas las ventanas,
que los girasoles tendrán derecho a abrirse dentro de la sombra;
y que las ventanas deben permanecer el día entero abiertas
para el verde donde crece la esperanza. 

Artículo 4
Queda decretado que el hombreno precisará nunca más dudar del hombre.
Que el hombre confiará en el hombre como la palmera confía en el viento,
como el viento confía en el aire, como el aire confía en el campo azul del cielo. 
El hombre confiará en el hombrecomo un niño confía en otro niño.

Artículo 5
Queda decretado que los hombres están libres del yugo de la mentira.
Nunca más será preciso usar la coraza del silencio ni la armadura de las palabras.
El hombre se sentará a la mesa con la mirada limpia,
porque la verdad pasará a ser servida antes del postre.

Artículo 6
Queda establecida, durante diez siglos,
la práctica soñada por el profeta Isaías,
y el lobo y el cordero pastarán juntos y la comida de ambos 
tendrá el mismo gusto a aurora. 

Artículo 7
Por decreto irrevocable queda establecido el reinado permanentede la justicia y de la claridad. Y la alegría será una bandera generosa 
para siempre enarboladaen el alma del pueblo.

Artículo 8
Queda decretado que el mayor dolor siempre fue y será siempre
no poder dar amor a quien se ama,
sabiendo que es el agua quien da a la planta el milagro de la flor. 

Artículo 9
Queda permitido que el pan de cada día
tenga en el hombre la señal de su sudor.
Pero que sobre todo tenga siempre el caliente sabor de la ternura.

Artículo 10
Queda permitido a cualquier persona, a cualquier hora de la vida,
el uso del traje blanco.

Artículo 11
Queda decretado, por definición, que el hombre 
es un animal que ama, y que por eso es bello, mucho más bello 
que la estrella de la mañana. 

Artículo 12
Decrétase que nada  estará obligado ni prohibido.
Todo será permitido, inclusive jugar con los rinocerontes y caminar por las tardes
con uma inmensa begonia em la solapa.
Sólo uma coisa queda prohibida: amar sin amor.

Artículo 13
Queda decretado que el dinero no podrá nunca más comprar el sol
de lãs mañanas venideras.
Expulsado del gran bául del miedo,
el dinero se transformará en una espada fraternal
para defender el derecho de cantar
y la fiesta del día que llegó.

Artículo final
Queda prohibido el uso de la palabra libertad,
la cual será suprimida de los diccionarios
y del pantano engañoso de las bocas.
A partir de este instantela libertad será algo vivo y transparente,
como um fuego o un río, o como la semilla del trigo
y su morada será siempre el corazón del hombre.


(Tradução de Pablo Neruda, conforme constante em 
Os Estatutos do Homem, Vergara & Riba Editoras, 2001) 


Autor Filipe de Freitas Leal


Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

Fé (Maná)

No puedo entender
este mundo como es,
que uno puede odiar
herir y traicionar ¿Po qué?
(...)

Como puede ser
que haya gente que pueda matar
por diferencia de opinión
por tierra o por religión, no sé
(...)

FE. Dame fe, dame alas,
dame fuerza
para sobrevivir,
en este mundo.

Cómo puede ser
que haya tanta destrucción,
en vez de resolver
les enferma todo el poder.

Que esto queda claro:
Hay que amarnos como hermanos,
Tenemos el valor, para darnos más
amor
lo sé, ya lo sé.
(...)

El puede cambiar
sólo hay que intertalo,
no hay que odiar, hay que amar
(...)

hay que intentar, hay que intentar
no hay que perder la fe.
Dame fe, dame alas,
dame fuerza
para sobrevivir,
en este mundo.
(...)

Composição de Alex Gonsalez.
Adaptado de: http://letras.terra.com.br/mana/77263/traducao.html


Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

Pablo Neruda - Um Poeta Humanista

Pablo Neruda nasceu no Chile na cidade de Parral, em 1904 no dia 12 de julho, tendo sido batizado com o nome de Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto.

Neruda nasceu numa família humilde, filho de um operário dos caminhos de ferro (José Reyes Morales), e de uma professora (Rosa Basoalto Opazo) que não chegou a conhecer devido a ter sido morta quando Neruda ainda era bebé.O seu nome foi legalmente modificado para Pablo Neruda, pseudónimo adotado na juventude seguindo a influencia do escritor Checo Jan Neruda.

Formou-se em Pedagogia na Universidade do Chile em Santiago, mais tarde vai para a carreira diplomática e chega a ser Embaixador do Chile em Rangun (Birmania), entre outros países esteve em Espanha, mas foi afastado devido à Guerra Civil Espanhola.

Conotado com a ideologia comunista é apoiante de Salvador Allende, que vence as eleições pelo Partido Socialista coligado com o PCC Partido Comunista Chileno.

Recebera o Prémio Nóbel da Literatura em 1971, e fora convidado por Salvador Allende para ler poesia para mais de 70 mil pessoas no Estadio Nacional de Santiago do Chile.

Foi proscrito pelo regime de Augusto Pinochet, e morreu pouco depois, com cancro da próstata, no ano seguinte foram publicadas postumamente as suas memórias "Confesso que vivi".

Da sua extensa obra de poesia destacam-se "Vinte poemas de Amor e una cancion desesperada", "Canto General", "Crepusculário", "Confesso que vivi" entre outros.

Referencias de Consulta:

Autor Filipe de Freitas Leal

Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

 
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