terça-feira, 1 de janeiro de 2013

O Estertor de Um Sistema

Ainda agora começou o ano, e o balanço do que ficou para trás, talvez tenha de ser feito agora, não é porque se mudou de ano, que a crise ou os problemas acabam como é óbvio, mas há é que aproveitar o ânimo, para lançar sobre eles um novo olhar, ainda que possamos pouco, temos que ter uma posição, uma clara consciência, de que o que está a acontecer e o que está para vir, de um modo ou de outro, afeta-nos, não apenas nas questões políticas, ou económicas, mas até no modo como temos vindo todos até aqui, a viver como se amanhã fosse mais do mesmo de hoje, e ainda bem que não é, por um lado, infelizmente por outro.

O mundo está em mudanças constantes, há conflitos de interesses em várias partes do globo e em vários setores da sociedade, de um lado os que defendem com unhas e dentes o status quo, do outro os que sabem que uma reforma é inevitável para manter o mínimo possível um sistema capitalista, mesmo que moribundo, e há os que preconizam uma nova ordem, nos moldes de um novo humanismo, para uma sociedade sustentável, de cidadania ativa e de uma plena democracia participativa.


Ainda hoje, uma pessoa amiga comentava no facebook que dão-se mais likes/gostos a uma jovem decotada, que a uma imagem de solidariedade a uma menina com cancro, e deveras assim é.

Infelizmente, o mundo em que vivemos, valoriza mais as pessoas, pela sua aparência, pelos seu status social,  por exemplo, se uma pessoa pobre diz uma verdade é vexado, se uma pessoa rica diz uma barbaridade, todos acham um grande discurso e até dão-se salvas de palmas, os valores esses, estão todos trocados na sociedade em que vivemos. É deveras o retrato de uma sociedade capitalista.

No entanto, o capitalismo tem os dias contados, está a cair de podre por todo o lado, há que ter noção disso, e preparamo-nos par uma CIDADANIA ATIVA, pois um novo paradigma está a nascer lentamente dos escombros deste sistema desumano.

Demora ainda, claro que demora, pois o sistema vendo-se atingido por sua própria causa (como aliás previra Karl Marx na sua obra, "O Capital", faz com que esteja a apertar o cerco, com o recuo das conquistas sociais, do pós-guerra como o Welfare State europeu, que está a cair como efeito dominó, conquista atrás de conquista, com o intuito de travar a crise e manter a sustentabilidade do sistema, mudando o paradigma da igualdade para a equidade, se fosse só isso talvez fosse discutível, mas não para por aqui e o que está por trás é muito obscuro. A crise económica dá lugar a políticas de intimidação e fragilização dos trabalhadores assalariados, afetando toda a sociedade pelo medo, pela insegurança e pela instabilidade, isso não impede a decadência de um sistema que está  podre, e até o planeta, se ressente do sistema que tem vindo a destruir os recursos naturais de uma forma irresponsável e irremediável. Basta lembras George W. Bush e o fim do tratado de Quioto.

A Revolta dos Indignados globalizou-se
Por todo o mundo, os povos queixam-se do mesmo, chama-se a isto, GLOBALIZAÇÃO, ou seja estamos todos no mesmo barco, a luta é de todos, mas não é uma luta de armas, e sim uma luta de mentalidades, há que tomar consciência do seu valor como SER HUMANO, dos Direitos Humanos e a Dignidade a que todos têm direito, os humanos, os animais e até o Eco-Sistema, todos somos um só; Há que nascer uma nova consciência, um novo DESPERTAR de mentalidades, é com isso e o assumir da nossa identidade, que nos libertaremos, temos de pensar mais longe, temos de pensar num mundo para os netos e bisnetos, não um mundo para agora. Não um mundo dividido em raças, credos, cores, géneros, étnicas ou gerações; Todos somo UM!

E como aliados, o capitalismo conta com as atitudes individualistas,  consumistas, ignorantes e fanáticas, e com a injustiça social (disfarçada claro) pois enquanto um trabalhador ganha pouco, só se preocupa com o pão de cada dia, não com a sociedade em que vive, o trabalhador é pago muito abaixo daquilo que deveras produz para a sociedade, visto a disparidade do que ganha face ao lucro que produz. Há que ter em conta que há países em que um ordenado mínimo, não garante o mínimo necessário à sobrevivência.

Nem é preciso ser-se idiota, o sistema mantém-se com os políticos que se auto promovem pela corrupção, pelo conluio, pelo engenho e esperteza que a ganância exige de uma escumalha nojenta que por vezes, faz-se passar pelo que deveras não é, governando-se mais a si e aos seus que ao país e às gerações futuras, há ainda o futebol, as telenovelas, e o restante tele lixo, no cinema os filmes muito ao jeito de "american way life" que são na realidade um "capitalist way of life", até mesmo a religião serve para alienar as populações quando o fanatismo se estabelece no lugar de D-us ou do próximo, hora tudo isto destrói a identidade e a consciência das pessoas, levando-as a um mero mimetismo e individualismo exacerbados. 

Este fenómeno é igual em toda a parte, desiludam-se que em determinado país, há o eldorado, que há a justiça social plena, claro que há uns locais piores que outros em termos de desenvolvimento, mas em todos se praticam os exageros, a injustiça e todos os demais males vindos de um sistema que estando podre, faz as dores do povo de hoje, ser as dores do estertor do capitalismo. O seu fim é certo, o seu espaço terá de ser ocupado por um novo sistema, de preferência mais justo, mais sustentável e sobretudo mais humano.





Autor Filipe de Freitas Leal


Sobre o Autor

Filipe de Freitas Leal nasceu em Lisboa, em 1964, estudou Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa. Estagiou como Técnico de Intervenção Social numa Instituição vocacionada à reinserção social de ex-reclusos e apoio a famílias em vulnerabilidade social, é blogger desde 2007, de cariz humanista, também dedica-se a outros blogs de temas diversos.

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